Aqui
Onde a terra se acaba
E o mar começa… (Camões)
A mensagem é imediata, simples, escrita em pedra mármore ou granítica (não as sei distinguir pois não possuo a arte do reconhecimento das pedras). Está fixa a outras tantas pedras do cimo das quais se eleva uma cruz virada para o mar.
Em criança acreditava que mar e terra eram mais próximos um do outro. Não lhes ditava grau de parentesco tão afastado como escreveu Camões para o Cabo da Roca. Era no verão que mais consciência disso tinha, ao viajar durante horas a fio, de Lisboa para Lagos cantando quase que ininterruptamente o que para mim era a balada do mar e da terra… “o mar enrola na areia, ninguém sabe o que ele diz, bate na areia e desmaia porque se sente feliz; o mar também é casado, o mar também tem mulher, é casado com a areia, bate nela quando quer; o mar também é casado, o mar também tem filhinhos, é casado com a areia, os filhos são os peixinhos…” Era uma imagem bonita e conciliadora que preservei durante muitos anos e à qual por vezes retorno.
Regressei muito recentemente ao Cabo da Roca, a ponta mais ocidental do continente europeu. Diz-se do ocidente, que é lá que está a civilização, a ciência, a democracia, a ética… berço de tantas coisas, de tantos sonhos e viagens. Pensei sentir imensidão num Cabo que tudo isto representa. Pensei reencontrar a imagem apaziguadora de um mar a enrolar nas rochas das enormes falésias, tal e qual o mar da minha infância a enrolar na areia… mas nada disso encontrei.
A paisagem é engolida por uma imensa multidão de pessoas frenéticas, quase que indiferentes ao que as rodeia (mar, terra, pessoas). É mais importante tirar uma selfie (nos dias de hoje já não se fazem retratos pois nada se retrata), abraçar a placa que nos geolocaliza para sermos reconhecidos em tempo real via redes sociais (já não é um eu estive aqui, é um eu estou aqui), é mais importante galgar a vedação e esquecer a tal ética ocidental e fazer parte das tristes estatísticas dos acidentes daquela zona.
O idílico torna-se desagradável, insuportável até e a balada do mar e da terra perde sentido. Mar e terra perdem proximidade, distanciam-se e eu afasto-me da multidão na tentativa de captar um pouco da paz por mim imaginada. Centro o crucifixo na imagem que desejo fazer, canto em pensamento a balada do mar e da terra e capto um pouco da essência daquele lugar dito ocidental.
“… o mar enrola na areia, ninguém sabe o que ele diz…”
(Texto e imagem: Raquel Félix – Portugalize.Me)
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