Era uma vez um lenço dos namorados que se metamorfoseou e se transformou numa manta para bebé bordada em tecidos kuna, usados pelas mulheres de uma das comunidades indígenas panamenhas. Esta é a versão condensada de uma história longa, que começa com a minha mudança para a Argentina. Por não poder trabalhar, dediquei-me a criar a marca abbrigate*, cujos produtos são fruto da fusão das nossas tradições com os usos locais. No país austral, as peças eram tricotadas à mão com lãs locais de primeira qualidade. Com a vinda para o Panamá, a necessária tropicalização levou a uma mudança radical das peças tricotadas à mão para mantinhas bordadas. E a tradicional mensagem da namorada para o seu prometido transformou-se numa declaração de amor dos adultos para o bebé que tanto esperam. Feitas em algodão e com recheio de flanela de algodão, as mantas combatem os ventos polares soprados pelos temíveis ares condicionados, sempre programados para gelar qualquer um até aos ossos. E é por esta razão que neste recanto da América Central se tem ficado a conhecer esta nossa tradição, a da minuciosamente bordada declaração de amor portátil. Quem compra as mantas é conquistado pela história do lenço dos namorados e o bordado no tecido kuna. A manta, para além da sua função prática imediata, marca o momento das suas vidas em que viveram no Panamá, em que nasceram os seus filhos, em que se cruzaram com estes portugueses que gostavam de partilhar as suas tradições. E é assim que a imagem do nosso país vai sendo exportada, uma manta de cada vez. Mais informação em www.abbrigate.com (Texto e imagens: Ana Isabel Ramos)
Era uma vez um lenço dos namorados que se metamorfoseou…
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