Havia na minha terra uma loja chamada “Zé do canto”.
O nome, reafirmava por um lado a disposição geográfica da loja, um canto, um dos cantos do Largo Luis de Camões em Pinhel e, por outro, o nome do dono da mesma, o Sr. Zé. Loja e lojista partilhavam o nome como quem partilha uma espécie de leito de amor. Zé do canto era nome de pessoa da mesma forma que Zé do canto era nome de loja.
Ali havia de tudo! Mercearias, latoarias, rações, brinquedos, bugigangas, vassouras, panelas, tripas de porco secas, cordas, aventais, linhas, panos… para mim, o absolutamente tudo estava ali, condensado e confinado àquele canto da minha pequena cidade. Um hipermercado de outros tempos? Em dimensão certamente que não mas, em variedade, certamente que sim (a dimensão era superada também pela relação e bom atendimento).
O Zé do canto tinha um balcão corrido a todo o comprimento da loja, as paredes estavam forradas a prateleiras cheias de coisa e mais coisas e no chão pouco espaço sobrava para colocar os pés. Tudo tinha um lugar e racionar espaço era uma regra obrigatória e imposta na casa para que se pudesse agradar o freguês com toda uma variedade de coisas possíveis e imaginárias. Era o freguês que importava. Sim, o freguês… o que habitava naquelas freguesias, o comprador habitual, o que conhecia o Zé do canto e o chamava por tu. O freguês e a freguesa.
E de freguesa passei a cliente ou a mera consumidora. Percorrer os imensos corredores de um hipermercado aborrece-me de morte e deixa-me desaustinada. O Zé do canto, apesar de pequeno, com pouco espaço, era mais circulável: “Sr. Zé, preciso disto… Sr. Zé, preciso daquilo…”, e o Sr. Zé ou a sua esposa de meio metro (ela era realmente pequena, maneirinha para o espaço) lá traziam o que fazia falta, sabiam o lugar de tudo! Se não tinham produto x’s, sem problema, mandava-se vir.
Prezo muito o ressurgimento das mercearias de bairro, em especial nas grandes cidades onde o fascínio pelas grandes superfícies tomou proporções alarmantes (a meu ver claro está!). Nas aldeias ou cidades mais pequenas do nosso país ainda se mantêm algumas mercearias originais, ou supermercados de menor dimensão. Negócios familiares que fazem do freguês o núcleo das suas atenções. Numa mercearia é preciso saber vender, é preciso saber estar e dinamizar um espaço que depende essencialmente da relação entre o lojista e o freguês e isto, não é para qualquer um.
Nem todos podem ser um Zé do canto! Fazem falta mais Zés do canto.
(Texto e imagem: Raquel Félix/ Portugalize.Me/)
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