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A música portuguesa recebeu a notícia de que vai receber em Novembro a que porventura será a sua maior honra até agora: um Grammy de carreira.

O gramofone dourado vai para o charmoso Carlos do Carmo, mas um pouco para o país também. Mesmo sendo entregue pela secção latina da National Academy of Recording Arts and Sciences dos Estados Unidos, um Grammy de carreira é uma homenagem enorme à voz do fadista português e a todos os compositores que ao longo dos anos escreveram para Carlos do Carmo.

Este é também um prémio para o Fado, estilo que há três aninhos foi considerado Património Imaterial da Humanidade, uma distinção que, para muitos, acredito, deverá equivaler a vários Grammys.

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Como pequeninos que somos nisto da cultura mundial (e não há que ter medo da palavra pequeno, porque somos efectivamente um país de pequenas dimensões geográficas), um Grammy parece uma coisa de outro mundo. Já tivemos várias nomeações (Maria João Pires tem duas para os Grammys, Mariza e os Ultraleve tem uma cada para os Grammys latinos) e temos vários Grammys que podemos considerar um bocadinho nossos, alguns com corda larga como o de Nelly Furtado (que até dá uns toques em português) e os de Joe Perry dos Aerosmith (o avô partiu da Madeira para os Estados Unidos). Também temos os quatro mais recentes, recebidos por Guy Manuel de Homem-Christo dos Daft Punk, nascido em França mas com descendência vinda de Aveiro. E depois há o musicólogo Adam Machado, que recebeu o Grammy para Best Album Notes, pelo livro que acompanha “Hear Me Howling! Blues, Ballads & Beyond: The Arhoolie roth Anniversary Box Set”, batendo concorrência forte como Elvis Presley e Paul McCartney. Foram os bisavós (tanto maternos como paternos) de Machado que emigraram de São Miguel para os Estados Unidos. E as histórias repetem-se.

Os Grammys Latinos já premiaram vários brasileiros, entre eles, Caetano Veloso, Daniela Mercury e Lenine, por exemplo. Mas Cesária Évora foi a única lusófona a conquistar até agora, um Grammy na gala maior dos prémios. Foi para o Melhor Álbum de Música do Mundo, em 2004.

As nomeações para os Grammys Latinos são anunciadas em Setembro e pode ser que lá encontremos outro artista português, quem sabe.

Espero também que para as audiências mais novinhas norte-americanas, a presença de Carlos do Carmo na gala de Novembro lhes leve também um pouco da nossa língua, da nossa canção.

(Texto: Rita Tristany Barregão para o Portugalize.Me/ Vídeo: Fados de Carlos Saura)