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Ter uma casa, um espaço que seja só seu, quem não deseja, quem não precisa? Uma casa com um dentro, com um fora, mais importante, um lugar. Porque um lugar dá-nos pertença, identidade.

As pessoas têm as suas casas mas, os objectos também. A música, as terras, o cinema, a comida, a história, as artes… tudo tem direito a uma casa.

Ouvi, há cerca de uma ano, uma explicação deliciosa sobre os museus. Mais do que um lugar de exposição para o que pode ser visitado e visto, um museu é um lugar necessário. É certamente uma casa que acolhe objectos e histórias com o sentido de as preservar e salvaguardar mas, por outro lado, um museu tem a particularidade de não ser “esquisito” na escolha que faz daquilo que acolhe. Ali há espaço para tudo, seja bonito, feio, assustador, doloroso, vergonhoso, estético, abstracto, concreto, aberrante, normal, acessível, distante, banal… porque sem uma casa, esta casa, muitas formas de arte, histórias, movimentos já estariam esquecidos.

Tudo precisa de uma casa.

É desta forma que dois artistas plásticos portugueses, a Joana Brito e o Ricardo Miranda, tentam preservar a arte deles, a arte de fazer presépios. Objectos únicos, de certa forma caricaturados, uma mistura de artesanato tradicional com contemporâneo. Fazem-nos Uma Casa Acima, uma casa abaixo, dentro de uma caixa, num anel, num tronco de madeira, à porta de um prédio da cidade, dentro de pequenos e frágeis frascos. Cada presépio que criam tem uma casa diferente, um espaço que lhes dá contexto, uma morada.

O lugar do nascimento do menino Jesus, antes confinado a um estábulo cheio de palha, é hoje ampliado e recriado em “sítios” tão diferentes. Nas mãos destes artesãos o menino Jesus ganha várias moradas, tantas quantas a realidade por si só o exige, como tal, a Joana e o Bruno têm ainda muitos lugares para explorar.

(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me)