A madeira que fomos, a madeira que ainda somos

5 Março, 2014

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Oiço recorrentemente uma frase em particular. De cada vez que alguém fala de móveis ou de madeira lá vem ela: “Já não se fazem móveis como antigamente, hoje em dia é tudo feito de papel!. A frase faz um certo sentido… se comparar os tão badalados “IKEAS” com o maravilhoso louceiro de madeira maciça dos meus avós paternos ou com os típicos bancos de madeira que a minha avó materna tinha lá por casa e que serviram de assento a 3 gerações de rabos, sim, a frase faz muito sentido. Em prol da quantidade e dos preços baixos, a qualidade foi posta em causa e o que durava gerações, dura agora um par de anos.

Não posso descuidar, aliás, acho que nenhum português o deva fazer, de que Portugal tem uma relação muito forte com a madeira. A indústria das madeiras e mobiliário do nosso país têm um peso muito importante na nossa economia e na nossa cultura. Sempre soubemos trabalhar a madeira, faz parte do nosso ADN ou não tenhamos nós uma “Capital do Móvel”, Paços de Ferreira!

Paços de Ferreira já não tem o movimento que tinha, muitas empresas fecharam portas, o ritmo por lá abrandou. As razões do insucesso serão várias certamente mas, apesar de saber que os acontecimentos não são consequência de uma causa só, penso que uma parte de nós desistiu de cuidar de um Portugal que sabe fazer (saber fazer que é mais valorizado lá fora e pouco ou nada cá dentro). Não souberam modernizar-se? A resposta não é certa, o que é certo é que o saber fazer sempre esteve lá e está por lá.

Na Rebordosa, muito perto de Paços de Ferreira, existe uma empresa familiar chamada Móveis Carlos Alfredo. Quem abre o site da empresa, poderá pensar: “Mais uma típica empresa que vende móveis “foleiros” e que deve estar à beira da falência porque continua no antigamente e não se soube modernizar!“. Desenganem-se porque quem “vê caras não vê corações“, já diz o velho e actual ditado português. A Carlos Alfredo apostou internamente num gabinete de investigação e desenvolvimento com o intuito de criar uma nova gama de móveis distintos.

E assim nasceu a WEWOOD. Marca que aposta na relação qualidade/ preço, no saber fazer artesanal de marceneiros, nas boas matérias primas (madeira maciça vinda de florestas sustentáveis), na capacidade que designers e arquitectos têm de dar uma nova roupagem a peças mais tradicionais e de fazer surgir novas. A Carlos Alfredo soube modernizar-se criando uma nova gama, a WEWOOD que exporta 98% das suas peças (o lá fora a dar valor ao nosso).

A velhinha Carlos Alfredo pode não soar a moderna porque, perdidos num mundo de aparências, facilmente a conotamos como tal, pouco moderna mas, ao descobrirmos a sua história, a sua essência, conhecemos mais e melhor e, talvez assim, as falsas aparências se dissipem e nos ajudem a valorizar o nosso, coisa que outros já fazem há muito tempo.

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(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me/ Imagens: WEWOOD)