O cozido à portuguesa não pertence a todos os dias da semana. De uma forma muito generalizada, vemos pelas montras de muitos restaurantes do país, folhas brancas A4 a dar conta de que hoje, ontem ou amanhã, é, foi ou será o dia do cozido à portuguesa. Como cada qual tem o seu dia de eleição, o dito cozido percorre a semana sem dificuldade e faz de todos os dias, o seu dia, o dia do cozido.
O cozido afirma-se, impõe-se assim aos nossos olhos como uma espécie de “marca” da nossa gastronomia semanal pois nunca vi o dia do bacalhau, da sardinha ou do pastel de nata. Falo destes porque aos olhos de quem nos visita, o português só come ou confecciona bem estes três espécimens gastronómicos… tudo o resto é uma descoberta de espantar!
Até podemos não comer cozido todas as semanas mas, a tal folha, que fica dias, semanas ou meses a fio colada a um vidro de restaurante até amarelecer, avisa-nos de que esse dia existe, como uma espécie de código de alerta gastronómico português: “Já comeu a sua dose de cozido esta semana?“.
Para os que acham o cozido demasiado pesado para os dias quentes de Verão, pode sempre experimentar a versão croquete de cozido à portuguesa do restaurante “O Talho” do Chefe Kiko (são maravilhosos, o sabor intenso do cozido está todo lá!).
E você? Já comeu a sua dose de cozido esta semana?
(Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me/ Imagem: O Talho)