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Estamos na Cidade do México, com seis horas de diferença em relação a Lisboa, e acordamos com a triste notícia da morte de Bernardo Sassetti. Que pena. No México, a vida continua igual, já que o Portugal contemporâneo não aparece com frequência – excepto talvez nos campeonatos de futebol e na Feira das Culturas Amigas, que terá lugar na semana que vem, no Paseo de la Reforma.

A Cidade do México é um mundo. Com os seus muitos milhões de habitantes, num só bairro arruma quase um Portugal inteiro. Nele vivem oito milhões de habitantes, com uma média de 13 pessoas por fogo. Como me explicavam ontem, não é “perigoso como uma favela, é só pobre”.

O Paseo de la Reforma, pelo contrário, é um dos grandes boulevards da cidade. Desenhado para unir o Palácio Nacional, no Centro HIstórico, ao Castelo de Chapultepec, situado no bosque com o mesmo nome, é de inspiração parisiense e hoje é uma das vias principais da cidade. Tem árvores, ciclovias, espaço para peões. Ao Domingo de manhã, é cortado ao trânsito automóvel; e entre os dias 12 e 27 de Maio será a sede da Feira das Culturas Amigas, onde Portugal marcará a sua presença.

Durante a semana assistimos à montagem das tendas, cada uma marcada com uma grande bandeira na lateral. Procurámos a portuguesa, sem êxito, até que ontem, num daqueles acasos, a encontrei, mesmo em frente à esquina do Paseo La Reforma com a Calle – muito apropriada – do Río Guadiana. Coincidência?

Portugal também está presente, de forma indirecta, no passado que o México tem em comum com a coroa espanhola. Foi durante a época colonial mexicana que o reino de Portugal se viu filipescamente ligado à coroa espanhola. Na espectacular exposição temporária sobre os tesouros reais de nuestros hermanos, patente no Palácio Nacional mexicano, encontrei uma magnífica capa minuciosamente bordada, de origem cantonesa, chegada à coroa espanhola através do comércio português com a China.

Será coisa dos meus olhos, esta de andar sempre à procura de vestígios do meu país por todas as partes? Talvez seja, sim. São as saudades do que é nosso, e também daquele céu azul que aqui, certamente, não encontrarei, pois a poluição atmosférica o pinta de um cinzento esbranquiçado em que nem as nuvens se distinguem.

(Texto e imagens: Ana Isabel Ramos)