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Viseu surpreende e habitua-nos, cada vez mais, a projectos que ajudam a transformar a cidade e a fazer dela a melhor do país para se viver (Deco 2007 e 2012), mas Viseu não é cidade de uma coisa só.

Tem muita história, mas não só. Tem a feira mais antiga do país (Feira de São Mateus), mas não só. Tem um projecto inédito de revitalização de comércio tradicional (Rua Direita), mas não só.

Por si só, Viseu tem tanto para mostrar, criar, dar, mas isso não lhe chega, não lhe é suficiente, não lhe basta. Eterna insatisfeita. Viseu questiona-se: “Só isto? Há mais, haverá sempre mais, quero mais, dou-vos mais”. Só, é ironia, ponto de partida para mais, muito mais.

A Só Sabão tem essa essência, é uma fábrica de sabão tradicional português, mas não só. Nascida do projecto missão “Deste Lado do Mundo” (trabalho de recolha, divulgação e valorização do património cultural e tradicional português), a Só Sabão reinterpreta velhas receitas tradicionais recolhidas em várias aldeias, valorizando o cariz cultural e patrimonial deste saber, muito anterior à era da industrialização. As matérias são fornecidas por produtores locais onde o apelo e o respeito por uma economia justa ajudam a impulsionar a sustentabilidade económica local (o preço fixado pelo produtor é respeitado), mas não só.

Na Só Sabão não há só sabão, apesar de o haver para todos os gostos e feitios, ocasiões e situações, pessoas e animais e outros tais. Ela é também espaço cultural, local de encontros. O edifício, que albergou um dos primeiros teatros de Viseu, o teatro da Rua Escura, abre as portas a exposições temporárias e ao contacto directo com as matérias primas usadas no fabrico do sabão, mas não só.

Tal como Viseu, a Só Sabão é inquietude, movimento perpétuo, incansável, persistente, mas não só…

(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me/ Imagens: Só Sabão)