Tiago Pereira (A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria) grava Portugal de lés a lés. Velhinhas, bombos, ranchos, crianças, o som das pedras entre os dedos de um sábio e engenhoso senhor, gaitas, guitarras, acapelas, memórias, palmas, adufes, desgarradas, cantes, vozes e mais vozes de terras que nem sabíamos que existiam. Ele lá as descobre, ele lá as desenterra, heranças esquecidas ou até renegadas. A quem passar a lembrança de uma canção, de uma lenga lenga? A quem passar tudo isto? Tiago Velhinha acolhe ávido o nosso património informal, o nosso património essencial, sem nada pedir, sem nada desejar.
Tudo isto, é para nós!
Vasco Ribeiro Casais remistura legados. Transforma a herança das heranças numa nova herança. Muitas destas heranças são criadas a partir daquilo que o Tiago tão generosamente nos tem vindo a colocar nas mãos. “Som e imagem com recolhas transformadas e manipuladas em tempo real, servindo de base para a composição e improvisação musical.” E dali nasce uma linguagem mais próxima do século XXI, mais urbana e que surpreende. Com tudo isto, Vasco diz-nos, de forma subtil, que o tradicional é actual, que tem potencial e ritmos transversais aos diferentes géneros, às diferentes eras e de que é possível gostar, ainda mais, da música portuguesa.
Vai um pé de dança? A Capicua ajuda.
Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me
Imagens e vídeo: OMIRI