Uma Reklusa que abre portas

5 Dezembro, 2013

malas

Encontrei no dicionário Priberam da Língua Portuguesa que reclusão, em botânica, refere-se ao encerramento periódico das flores de certas plantas. Uma visão bonita e romântica contrária ao que reclusão possa representar para o comum mortal, ou seja, encarceramento, prisão forçada, condenação.

A população reclusa é estigma por si só. Aprende a viver com esta “marca”, ou não. Sobrevive-lhe, ou não. Há reclusos e reclusos. Prefiro dizer, há pessoas e pessoas estejam elas dentro ou fora, aqui ou acolá. Há pessoas ponto. Independentemente do que façamos e onde estejamos temos este “lugar” comum que nos liga, o sermos pessoas.

A Reklusa nasceu das visitas e do olhar de uma mulher aos Estabelecimentos Prisionais de Tires e da Carregueira. Um olhar atento que lhe permitiu ver o talento escondido de várias outras mulheres, desperdiçado pela clausura e por um sistema com falhas graves ao nível da reintegração social e profissional activa fora da prisão.

A Reklusa da Inês Seabra e da Mafalda Lima Raposo (que se juntou à Inês mais tarde) tenta abrir novas portas a uma população por vezes esquecida num sistema muito pouco humanizado. A produção de acessórios de moda com recurso ao trabalho remunerado destas reclusas, tem sido uma via viável de reintegração profissional e que pode muito bem fazer a diferença na vida fora da prisão.

A “marca” da reclusão agora é outra, é uma marca de trabalho válido, valorizado e reconhecido por quem compra as malas, as clutchs, as bolsas e as mantas da Reklusa.

Visite a nova loja da Reklusa na Rua das Amoreiras em Lisboa.