Vende-se…

28 Abril, 2013

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Quem entra em Pinhel vindo de Figueira de Castelo Rodrigo pela estrada da “excomungada”, passa por paisagens deslumbrantes, abismos profundos que fazem jus ao nome mas, acima de tudo, inspiradores.

Quase chegados, passamos uma pequena ponte sobre o rio Côa, o rio das figuras rupestres e das barragens da EDP. Metros à frente, uma placa que explora as potencialidades desta pequena cidade bicentenária perdida nas paisagens graníticas do interior de Portugal.

As placas guiam-nos, orientam-nos, dão-nos descrições do que esperar, nomeiam, informam-nos, criam-nos expectativas.

Pinhel tem muitas placas e a maioria concentra-se na parte velha da cidade, junto às torres do Castelo. É a parte mais alta da cidade, mais bonita, mais icónica, mais inspiradora, mas ao que parece “excomungada” pelo passar do tempo… esquecida por ele.

Nas muitas casinhas de pedra que compõem esta parte da cidade, placas que dão indícios de abandono. Vende-se… vende-se, o próprio…

À medida que a cidade se desloca da sua parte mais antiga, do seu núcleo identitário que lhe conferiu um foral de cidade há mais de dois séculos atrás, e se instala numa zona nova de vivendas descaracterizadas, afasta-se da sua origem, desenraíza-se. As únicas mensagens que ficam são os vários “Vende-se” que nos dizem que ninguém mora ali e nos põem perante uma espécie de falsa expectativa.

A pequena cidade dos Castelos e dos Solares está à venda. A sua história está à venda. As placas deixam indícios de tristeza no ar.

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(Texto e imagens: Raquel Félix/ Portugalize.Me)