Nostalgia de fim de Verão

9 Setembro, 2013

Portugalize.Me_nostalgia de fim de Verao

Ao meu redor começa a haver uma certa nostalgia de fim de Verão, dos dias longos e luminosos. Mas eu, confesso-vos aqui, estou numa excitação que só vista.

Conto-vos: o meu último Inverno foi entre Junho e Setembro de 2009, ainda na Argentina. No Inverno seguinte já vivíamos no Panamá. E as visitas fugazes a terras frias, essas não entram nesta contabilidade, porque só têm a parte divertida, não o dia-a-dia.

E então é isto: para esta tricotadeira que vocês aqui lêem, poder tricotar sem ter as mãos a suar e poder usar as peças de roupa que fiz é todo um prazer que sinto já por antecipação.

Já olhei para a minha bonita reserva de lãs (coleccionadas, e pouco tricotadas, durante os últimos anos) e já me pus a imaginar que vou fazer com cada novelo. Ontem, num repente que não sentia há meses – anos? – estive a organizar os meus projectos no Ravelry.

Mas o mais importante de tudo isto, e é a esse ponto que quero chegar, é que já tenho disponibilidade mental para estas coisas, o que significa que finalmente ultrapassei a fase de me instalar na nova cidade (Lisboa, por sinal), encontrar lugar para as coisas lá em casa, estabelecer algumas rotinas e, pouco a pouco, ir introduzindo novidades.

Pensar no tricot, nas lãs, nas agulhas e projectos, no prazer que me dá tricotar, nos serões embrulhada em mantas, com o fio à volta do pescoço, a dar dois dedos (ou três ou quatro) de conversa enquanto as mãos se mexem e fazem malha… tudo isto tem um significado especial para mim: estou cá, finalmente, instalada. Estou a viver o meu espaço e rodeada das minhas pessoas, e também a conhecer novas “minhas pessoas”, que continuarão a ser minhas quando me for embora.

Já na Argentina o tricot foi o verdadeiro motor e pretexto da minha integração; não admira, portanto, que esteja tão feliz por aqui poder tricotar.

O Verão não precisa de ir a correr embora, ok? Mas quando for… cá estarei, de agulhas em riste e casaquinhos prontos!

Alguém quer vir tricotar comigo?

(Texto e imagem: Ana Isabel Ramos)