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Estou em Lisboa. Subo e desço estas ruas a pé, a olhar para azulejos, paredes bonitas, algumas sujas. Edifícios cor de rosa, numa cidade onde o cor de rosa fica bem. As pessoas educadas e os serviços que funcionam. Os eléctricos que sobem e descem e pintam a rua de amarelo.

A história de hoje foi passada há momentos, num eléctrico lisboeta. Fez-me rir e aplaudir, lembrando-me do que é viver nesta cidade. Vínhamos nós de eléctrico, Rua de São Paulo fora. A certa altura, estava um carro ligeiramente mal estacionado. E “ligeiramente”, quando falamos de carros na rota dos eléctricos, é o pior que nos pode calhar. Quando estão mesmo em cima, no meio da faixa, significa que os seus condutores estão a chegar a qualquer momento; quando é só uma pontinha de fora – no caso presente, as rodas, que se rasgariam com a nossa passagem – é que é difícil, pois o dono do carro em questão pensa que deixou o seu veículo bem estacionado. Mas não.

Foi precisamente esse o caso. A hábil guarda-freio pediu ajuda aos passageiros para calibrar a distância do estribo do eléctrico até ao pneu e concluiu que não havia margem para passar. Então um de nós sugeriu mover o carro mal parado, a pura força de braços. Juntaram-se os voluntários e fizeram-se ao trabalho. Com esforço e paciência, moveram o veículo os centímetros que nos faltavam a nós, para podermos seguir caminho.

Que alegria foi! A guarda-freio chamou-nos a todos para voltar a embarcar no eléctrico, todos subimos, contentes, a aplaudir a iniciativa, a estratégia e o esforço. Muito antes de que chegasse o reboque, os passageiros resolveram o problema, de forma expedita, com as suas próprias mãos.

Parece-me uma boa metáfora para vencermos as dificuldades com que nos deparamos: unamos forças, tomemos as iniciativas necessárias e não esperemos que nos resolvam o problema. Com estratégia, união e força, nós podemos.

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(Texto e imagens: Ana Isabel Ramos)